domingo, 19 de fevereiro de 2017

"Nos sentimos muito enganados!"

Entrevista realizada por Artur Schulz para o site alemão Laut.de. Publicada no dia 15 de dezembro de 2009.
Tradução: TBB Brasil Fanpage

Eles são uma das surpresas de 2009. Praticamente do nada The Baseballs estava comemorando o sucesso do seu álbum no estilo Rockabilly. E em um curto prazo de tempo, devido aos shows que estavam por vir, marcamos uma reunião com The Baseballs. Quando cheguei na casa de shows Große Freiheit 36 em Hamburgo, a banda só estava disponível para entrevistas em vídeo e no seu curto tempo livre tinha improvisado uma apresentação a Capella.
Depois, a assessora marcou o meu encontro com Sam, Digger e Basti. Longe da agitação que os rodeia um Digger relaxado, muito correto e muito cordial me recebe com “Ah, Senhor Laut.de! Seja cordialmente bem-vindo! ” - "Então você, aparentemente, está falando bem de nós..." - "Bem, a sua resenha do álbum foi muito boa para nós! ”. Os três começam a rir e podemos ir para um cantinho, longe e tranquilo, para começar a nossa conversa.


Vocês são jovens ainda – por que gostam de músicas “antigas”?

Sam: Foi assim com todos nós, que éramos muito jovens quando entramos em contato com esta música, nossos primeiros discos na verdade eram todos de Elvis Presley e outros artistas [do estilo], bom, no meu caso era uma fita-cassette. O amor do Rock and Roll nos atingiu de muitas maneiras diferentes, não só O Rei, mas em geral a música desta época.
Digger: Naquela época assistíamos os velhos filmes de Elvis na TV, no domingo à tarde, enquanto fazíamos o lanche da tarde com mamãe e papai. Você ficava assistindo e gostava cada vez mais, a cada cena. Especialmente, claro, a música.

Quantos anos vocês tinham nesse então?

Sam: Puxa... eu estava então com sete, oito anos. Depois, meu pai gravou um vídeo que colocava repetidamente e eu dançava durante as músicas. Meu pai também tinha uma câmara de vídeo, e ele mesmo gravou! Essa música deve ter me impactado desde muito cedo, porque eu não me controlava quando a ouvia.

O álbum de vocês quase não foi divulgado, o sucesso veio praticamente do nada. Como vocês se sentiram sobre isso?

Sam: Bom, o CD tem estado cerca de meio ano nas paradas e ainda está lá! Nós ficamos muito felizes, mas não esperávamos isso. Para quem está começando é algo para parar e pensar: "Então, agora vamos para o Top Ten", estamos bem encaminhados, mas não é bem assim. Nos sentimos muito enganados. E estamos curtindo muito também! Mas, não de modo que nos acomodamos, porque vemos isso como uma oportunidade. As pessoas nos conhecem um pouco agora, sabem o que estamos fazendo, mas agora cabe a nós provar que não somos uma banda de um só hit, de continuar entretendo o público. É principalmente um incentivo, e é por isso que não há nenhuma razão para se acomodar.

O que significa, para um jovem, do nada se tornar uma estrela?

Digger: Oh, estrelas. Não é bem isso, e nós não somos. Para nós, e isso o que realmente quero dizer, é uma grande honra que existem pessoas que compartilham nossa paixão. Não é como nós tivéssemos dito: vamos fazer música agora e convencer as pessoas, senão que foi totalmente ao contrário. Especialmente os mais jovens através de nós tem um primeiro contato com o Rock ‘n’ Roll e vemos isso em muitas coisas, não só nos nossos concertos. Recebemos e-mails onde nos pedem dicas de filmes dessa época ou como fazer um topete e essas coisas, precisamente porque para muitos jovens é algo completamente novo e eles nos veem como parceiros competentes na área.
Digger: É algo muito especial quando ouvimos: Ei, vocês fazem boa música, que transmite um sentimento especial que está relacionado com os anos cinquenta, como e que mais posso aprender? E não é apenas algo superficial, o que é particularmente importante para nós: envolve uma paixão verdadeira, genuína e real.

"Estamos falando de diversas gerações"

Vocês têm convertido os jovens fãs de Hip Hop em “velhos” roqueiros?

Basti: Pare, pare! Nós não nos vemos como missionários! Mas, durante os festivais que tocamos no verão, nós descobrimos que na verdade as pessoas com Baggypants que estavam na frente do palco e depois, na quarta ou na quinta canção, começaram a se mexer. Ei, você como ser humano, não pode ser apenas definido por apenas um aspecto, apenas por se mexer você já pode estar bem envolvido com o Rock ‘n’ Roll e só basta simplesmente aceitar.

Pois bem, além do público jovem, os fãs mais velhos de rock ' n' roll também acreditam em vocês?

Sam: Ontem, havia uma mulher em Berlim, que veio até nós e nos disse que tinha um autógrafo original de Elvis. E nos mostrou!

Cuidado quem tem isso! Porque pode provocar ciúmes...

Basti: É meio louco em concertos. Falamos na verdade de várias gerações. Você pode ver que todas as noites quando tocamos em qualquer lugar: temos na primeira fileira as pessoas mais jovens, mesmo meninas com as saias [dos anos 50], mas se olharmos mais para trás, você pode ver pessoas sem limite de idade, que vai de 13 ou 14 anos para cima.
Digger: Foi ontem, que vi três gerações juntas: havia uma jovem de 14 anos, que estava sentada com sua mãe e avó. E se divertiram o tempo todo!

Por que vocês se chamam "The Baseballs" e não “Dion & The Belmonts” ou “Joey Dee & Starliters”, como era comum no final dos anos cinquenta e início dos anos sessenta?

Sam: Exatamente, exatamente! Para nós foi importante não ter um nome só composto apenas pelo nome do líder mais o nome da banda, senão colocar um ponto em comum – como “The Tempations”, apenas encontrar um nome de banda que simplesmente expresse: "Este é um grupo". Nós queríamos isso, mas também não queríamos parecer como qualquer outra banda do Neo Rock And Roll ...

... como "The Shakers".

Sam: ... ou "The Hot Rods", que era o que nós não queríamos. Mas não queríamos que as pessoas, de alguma forma, ficassem desprevenidas. O que posso usar como nome, que tenha uma relação forte com a década de 1950, mas ainda assim não seja automaticamente ligada ao rock ' n' roll? Baseball era uma febre nos Estados Unidos, o grande esporte nacional nos anos cinquenta.
Digger: A boa notícia para nós é que: todo mundo aqui na Europa conhece o termo, mas ninguém realmente tem alguma ideia de como o esporte funciona. Assim, esperamos:  que o termo "Baseball", nos próximos anos seja usado para que as pessoas se lembrem de nós e não do esporte, então... ai sim, teremos conseguido! (Risos)

"Esta é uma voz tão doce!"

Haverá no próximo disco as primeiras composições próprias de The Baseballs? Pode ser muito simples repetir a receita do bem-sucedido álbum de estreia – adaptar músicas atuais...

Digger: Para o track list do álbum de estreia nós pensamos muito para escolher as músicas! Queríamos levar as pessoas para mais perto do rock ' n' roll, principalmente a nossa geração, porque ele já não é tão popular. É por isso que nós fizemos isso com as músicas que eles já conhecem. Mas este é apenas o primeiro passo. Estamos agora compondo as nossas próprias canções e três delas já estão incluídas no nosso set list ao vivo. A beleza disto é que percebemos que realmente estamos chegando. As pessoas já começam a cantar conosco no segundo refrão, o que é muito importante, claro. O que nós fazemos realmente é compor como canções pop e depois as adaptamos para o rock ' n' roll. Esse é o truque.
Basti: É bonito quando vemos os fãs cantando conosco as nossas próprias canções. Quando são covers, é sabido que já são conhecidos, mas com as músicas novas... isso é algo muito especial.

Eu gosto do álbum de vocês especialmente a faixa "Don't cha" com essa doce voz feminina. Quem canta?

Digger: É uma antiga amiga de Basti!

Antiga?

Digger: Era anteriormente a vocalista em uma banda de gala, que tocava música dos anos sessenta e setenta. Nós os conhecíamos bem, e Sam e eu pensamos afinal: "Esta é uma voz tão doce!", temos que tê-la no álbum! Ela também, de alguma foram, tem uma ótima voz dos anos cinquenta, que se encaixa bem na nossa atmosfera. Então, Basti entrou em contato com eles e ela ficou imediatamente entusiasmada com a ideia e participou de bom grado.

Bastam vocês aparecerem e as mulheres já tem um ataque. Lá fora, na frente de Freiheit, já há algumas esperando, três horas antes de abrir as portas!

Sam: Estas são as nossas fieis escudeiras – mesmo, quando viajamos! (Ri)


O tempo voa e, antes que os meninos desapareçam, peço-lhes tirar algumas fotos rapidamente. A atmosfera é simples, os The Baseballs estão de bom humor. Eles insistem em tirar também uma foto comigo, o que se chama na redação ‘Fanboyfotos’. Ao sair, há agora uma multidão significativamente grande de fãs lá fora, quase invariavelmente de adolescentes femininas. Que continuam sendo o coração do Rock ‘n’ Roll. Não importa em que ano seja.

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